Tem dias que são mais difíceis de dormir que em outros. A técnica de esvaziar a cabeça não funciona, viro uma estrada que só memoriza erros, ineficácias e desesperos. A ansiedade toma conta e meu corpo quase dói.
Semanas atrás quando, por incrível que pareça, era uma pessoa diferente do que sou hoje, tudo seria motivo para algum tipo de desfecho dramático, minha insegurança muitas vezes me envenenava, me fazia ir atrás de validação de pessoas que ainda não entendo como chamava de “amigos”, antes os chamasse de colegas ou conhecidos, logo eu que reconheço no meu próprio dia a dia o peso das palavras.
Eu tenho uma sorte muito específica da qual escritores e cantores vivem falando, mas que não é tão fácil de viver na primeira pessoa: um amor tranquilo. Amar uma pessoa tranquila com quem posso conversar. Foi difícil reconhecer isso, alguém no mundo com a qual pudesse falar qualquer coisa não parecia ser palpável, e tinha medo de contar todos os meus segredos, tudo que acontecia nesse andar de cima que chamo de cabeça.
Ela é ambos: silenciosa e vivaz. Me faz questionar os locais mais obscuros de mim e não de uma forma ruim, mas que me ajuda a crescer, me incentiva a escrever, trabalhar, viver mais, mas de uma forma que também é suave, nada muito pesado. Sei que de pesado já temos memórias e fantasmas o suficiente que estão sempre prontos para entrar bem no local em que nossa mente está mal costurada.
Agora que consegui adicionar todas as partes de mim de forma não mecânica, de forma disposta a viver, consigo ver como isso me dá energia para ser quem eu sou, como estar em um relacionamento saudável inspira minha capacidade de ser forte.
Costumo dizer que quando estou com a Noelle, minha cabeça não entende gravidade, eu simplesmente alcanço vôo, por isso não vejo sentido em escrever apenas sobre erros quando acertamos em algo tão especial. Essa é minha carta de amor para ela e eu realmente espero casar com essa garota.