Dessa Vez Não Vou Mais: Temer a Impostora
A síndrome do impostor deve ser a mais famosa entre Millenials depois da de Peter Pan.
Toda vez que jogo Among Us tenho um medo terrível de ser a impostora: não me escondo bem, não tenho a velocidade necessária para fugir, tenho medo de me enfiar em dutos e nunca mais conseguir sair, sempre cometo erros na frente de todo mundo devido minha ansiedade.
Para quem não conhece Among Us, vou resumir dizendo que o jogo de detetive e ladrão para as plataformas digitais: todo mundo está sempre tentando descobrir quem é o inimigo.
Eu tenho uma tendência a ser minha própria inimiga, um hábito de autosabotagem que já é praticamente uma segunda voz na minha cabeça. Ultimamente ela anda me dizendo para não dormir, que minha capacidade de acordar e viver é tão precária que possivelmente as horas de sono pela noite irão se extender no terrível buraco da inércia no qual vi meus meses desaparecerem, um ano baseado em acordar e esperar de olhos fechados para dormir novamente, algumas vezes ignorar ao máximo a vontade de ir ao banheiro, sentir a incapacidade de levantar para tomar um banho com mais frequência do que tenho coragem de admitir. Aos poucos vi minha pele perdendo o aspecto saudável, o corpo amaciar com a perca de vinte quilos, a sensação de impotência se instalar nos meus ossos.
O que poucas pessoas entendem é como amarrei intrinsecamente o meu valor na minha capacidade de ser produtiva, na ilusão de ser produtiva. Em uma crise pessoal e sem um trabalho estável por meses, assisti minha autoestima virar um truque de mágica que eu só usava quando era absolutamente necessário para sobreviver.
Enquanto entro em uma nova fase da minha vida, um emprego estável, a tentativa de construir um lar com a mulher que eu amo, a síndrome de impostora apareceu tentando se instalar em meus ossos: você não vai conseguir, você não é boa o suficiente, você mal consegue dar conta de si mesma. E é assim que começo a duvidar se eu mereço ter a vida que eu quero, se eu consigo, se não estou enganando todo mundo a achar que posso continuar e fazer coisas incríveis quando não sei se realmente posso.
Recentemente ganhei um caderno da minha namorada, uma das pessoas além da Gaía, do Tá Todo Mundo Tentando (assina que é boa), que mais me motiva a escrever. Passei algumas noites listando coisas sobre mim, tentando fazer da memória a validação necessária para continuar resistindo. Não consegui resolver a síndrome de impostora, mas ando conseguindo por momentos mais longos não temer ela: a pessoa que eu não sou. Geralmente escrevendo eu consigo encontrar quem realmente está aqui.
Eu tenho me identificado com um monte de coisa que tenho lido aqui substack. No caso do seu texto me identifico com a síndrome da impostora... precisei da ajuda de amigues, psicológa e psiquiatra pra superar.